quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Patrimônio Histórico e Cultural - O Morro da Conceição e o Jardim Suspenso do Valongo


O Morro da Conceição e suas cercanias

Desde 2009, quando o Prefeito Eduardo Paes, o Governador Sérgio Cabral e o então Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva inauguraram o projeto “Porto Maravilha”, a revitalização do Morro da Conceição, no Centro do Rio, tem sido uma intervenção aguardada com ansiedade pelos moradores da região. 
Tapumes, manilhas de concretos e
carros estacionados estrangulam as calçadas
Hoje, quando caminhamos pelas cercanias do Morro da Conceição, nos deparamos com um enorme canteiro de obras. Assim, ao mesmo tempo em que as obras de drenagem da primeira fase do projeto ocupam quase toda pista de rolamento da Rua Sacadura Cabral, tapumes, manilhas de concreto e carros estacionados estrangulam a passagem de pedestres nas calçadas, obrigando-os a se deslocarem para o asfalto.

Esse cenário caótico é, contudo, tolerado, já que existe a expectativa dos benefícios que essas obras possam trazer.
Ladeira da subida do Morro da Conceição
pela Pedra do Sal
Logo na subida do Morro, nota-se que a ladeira histórica, com piso assentado com pedras, está sendo castigada pelo acúmulo de cimento. Somado a isto, o estado de má conservação permitiu o surgimento de um córrego visivelmente poluído, cheirando a esgoto.

Esse fato se torna mais surpreendente ainda, se levarmos em conta que, dentro do escopo do projeto “Porto Maravilha”, havia um valor inicialmente previsto de R$ 8 milhões, apenas para a recuperação das ladeiras históricas.

(Fonte: Revista Boletim do Porto número 1 da Prefeitura do Rio de Janeiro)

O Jardim Suspenso do Valongo

À noroeste do Morro da Conceição se encontra outro pico: o Morro do Valongo. Nessa região – que, desde 1926, abriga um observatório – situava-se o antigo Cais do Valongo, de triste história por ter sido o principal cenário de comércio de escravos na cidade.

 Jardim Suspenso do Valongo em 2011: Patrimôno histórico  tombado
transformado em depósito de materiais de construção e canteiro de obras
Mais tarde, o local passou a se chamar Cais da Imperatriz e, posteriormente, com as intervenções urbanísticas de Pereira Passos, passou a se chamar Jardim Suspenso do Valongo, tombado pelo município do Rio de Janeiro.

Patrimônio histórico cultural do Rio de Janeiro, o jardim, de estilo romântico, data de 1906 e foi projetado pelo paisagista Luis Rei.

O segundo número do Boletim do Porto, publicação da Prefeitura, a ele se refere como uma “jóia histórica e patrimônio da cidade” e informa que os trabalhos no Morro da Conceição iriam começar ”por uma cuidadosa recuperação do Jardim do Valongo”.

Não foi o que aconteceu: ele foi literalmente transformado em depósito de materiais de construção e em canteiro de obras.

Além disso, moradores da região – como Rosiete Marinho, que procurou nosso gabinete para denunciar essa situação – se queixam da retirada das estátuas que compunham o paisagismo do jardim.

Da mesma forma, Dona Maria Gonçalvez – portuguesa que mora há 42 anos em frente ao Jardim Suspenso – está assustada com a descaracterização do espaço, cujos bancos desapareceram.

As estátuas originais há muito foram substituídas por réplicas, e hoje se encontram no Museu da Cidade, na Gávea.

As réplicas, por sua vez, foram retiradas em razão de atos de vandalismos e, hoje, se encontram no Parque Noronha Santos, situado à Avenida Presidente Vargas.

Existe a previsão de que sejam reinstaladas no jardim, quando as obras forem concluídas.

Jardim Suspenso do Valongo no início do século XX. 
Estátuas de Grandjean de Montigny compondo seu Paisagismo


Jardim Suspenso do Valongo em 2007. 
As estátuas já retiradas

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