Lixo hospitalar recolhido na calçada sem horário certo, caminhões de coleta atravessados no meio da rua, muito barulho, perigo de contaminação e a espera de soluções por parte das autoridades responsáveis. Assim se define a situação descrita por um leitor, vizinho a uma das unidades de saúde mais luxuosas do Rio, em Copacabana.
Segundo o mesmo, os resíduos do moderno hospital Copa D’Or são recolhidos por duas empresas - Atmosfera e a Multi Ambiental - que invadem, literalmente, a Rua Figueiredo Magalhães, para o desespero de pedestres, motoristas que trafegam pelo local e moradores da região.
A “fanfarra”, como o próprio leitor define, não somente instaura o caos no ir e vir, mas também simboliza o descaso com o verdadeiro risco iminente à saúde representado pelo lixo infectado com todo tipo de bactérias e vírus, além do barulho frequente. Mesmo já tendo procurado soluções junto à Prefeitura, nada foi feito diante de tal cenário.
Venda ilegal - Em outubro de 2008, em uma matéria exclusiva sobre as ameaças do lixo contaminado, suas consequências e a venda avulsa – ilegal - de resíduos hospitalares no Rio de Janeiro, o jornal “Correio do Brasil” denunciava que caminhões e outros veículos menores recolhiam os detritos diretamente dos hospitais e clínicas, e levavam a carga contaminada para ferros-velhos da cidade.
Nestes locais, separavam os produtos de valor comercial, vendiam e seguiam depois para os depósitos com o que sobrava do material infectado.
Uma das empresas citadas foi a mesma que ainda hoje, segundo nosso leitor, faz a coleta do Copa D´Or. Na ocasião, a reportagem do Correio do Brasil seguiu um caminhão baú que fazia o recolhimento de lixo do referido hospital (placa KQR-0861). O veículo chegara à unidade hospitalar às 13h32m. Na carroceria, a estampa da Multi Ambiental.
O tipo de carga a ser transportada era o de lixo extraordinário – que é basicamente composto de restos de alimento, latas e garrafas de água e refrigerantes consumidos por pacientes. Uma hora depois, o veículo deixou o hospital e seguiu em direção à Central do Brasil.
Na Rua Barão de São Félix, o caminhão parou em frente a um depósito de ferro-velho. “O motorista e o ajudante abriram a porta traseira da carroceria e retiraram, sem nenhuma proteção, vários sacos contendo latas de alumínio e outros materiais. Tudo foi vendido para um homem, que aparentava ser o responsável pelo depósito”, detalha a matéria.
No dia seguinte, outro carro da Multi Ambiental fez o mesmo trajeto do caminhão baú. Desta vez, porém, era uma Fiorino, placa do Rio de Janeiro LCF 3584, com a marca “Lixo Infectante” na carroceria.
“A Fiorino chegou ao Copa D’Or às 6h59m. Uma hora depois, estava novamente no ferro-velho na Central do Brasil. Entrou no acesso ao Morro da Providência e estacionou, saindo do ângulo de visão da Rua Barão de São Félix. O motorista e o ajudante saltaram do veículo. No entanto, eles perceberam que estavam sendo seguidos pelo carro da reportagem e voltaram para a Fiorino, indo embora sem deixar nenhuma carga no depósito", descrevia o jornal à época.
Ainda naquele ano, Janio Ribeiro, um dos sócios da Multi Ambiental, foi procurado pela reportagem e limitou-se a afirmar que o lixo recolhido no hospital Copa D’Or levado para o ferro-velho era material reciclável e que não representava perigo para a população, pois não havia risco de contaminação.
Da porta pra fora
É importante avaliar o que ocorre após o descarte desses resíduos pela unidade, o método de coleta e os locais para onde são levados. É sabido que a questão do tratamento é debatida com especial rigor pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), em que é realizado o Programa de Gerenciamento de Resíduos em Serviços de Saúde (PGRSS).
Ainda assim, o quadro será levantado detalhadamente por nosso Gabinete junto aos órgãos responsáveis.
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