terça-feira, 25 de maio de 2010

GREVE DOS PROFESSORES MUNICIPAIS DE PETRÓPOLIS

A notícia, dada por uma das rádios fluminenses, sem grandes repercussões, evidentemente, em época de Copa do Mundo. Mas deveria ter. Qualquer greve de professor público deveria mobilizar uma grande discussão sobre os seus porquês. Sobretudo se for, como é o caso, dos nossos heróis do ensino fundamental.
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Os professores municipais de Petrópolis reivindicam, além da melhoria de seus vencimentos (óbvio), também um Plano de Carreira que reveja as horas trabalhadas por eles e pelos demais servidores de apoio nas escolas. Todas as reivindicações dos professores são mais do que justas, mas fica a pergunta: por que não se atende?
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A questão da greve dos servidores públicos é um imbróglio constitucional e legal que não está resolvido. Enquanto a greve no setor privado é bem administrada, no setor público ela é como uma criança que, ao dar os seus primeiros passos, cai continuamente. O resultado é o que nós vemos. Hoje há mais paralisações no setor público do que no setor privado; muito mais. E sem qualquer legislação específica para resolver o assunto, através de negociações imparciais, e de responsabilidade.
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No caso dos professores públicos as promessas são inúmeras, sobretudo em vésperas de eleições. E leis são feitas, muitas vezes para não serem aplicadas, como é o caso da lei federal que instituiu, para os mestres do ensino fundamental, o piso nacional de vencimentos.
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Neste triste caso, era óbvio que o Governo Federal sabia que não poderia, na estrutura constitucional vigente estabelecer, por lei federal, um piso de vencimento para funcionários dos Estados e Municípios!
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Isto não era, e não é da sua competência constitucional. Mas a lei foi feita, e continua a ser cantada e decantada em programas de “realizações” governamentais. Mas ela não pode ser aplicada, pois está suspensa por uma liminar do Supremo Tribunal Federal.
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E tudo fica como “dantes, no quartel de Abranches”.
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Outra solução, de uma lei constitucional poderia ter sido dada? Claro. Mas talvez não interessasse fazer uma lei para funcionar!
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Assim acontece com a questão da greve no serviço público. Neste caso, nem lei temos! Os legisladores federais, estaduais e municipais parecem ignorar esta questão e, enquanto isto, os cidadãos, e os funcionários, penam com a insuficiência de procedimentos legais para resolução destes conflitos, com graves prejuízos para os serviços públicos tão essenciais para todos nós.

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LEITURA QUE RECOMENDO.

Confesso que tenho dificuldades de ler Saramago. Superei minhas dificuldades depois que recebi de presente de um amigo, e li, um pequeno livro que é uma obra de arte: “O conto da Ilha Desconhecida”. Uma maravilha para ser deliciada em 30 minutos!

4 comentários:

Anônimo disse...

Cara Prof. Sônia sou merendeira em Petrópolis há 4 anos e quando pensei em entrar no funcionalismo público imaginei que os governantes nos tratariam como pessoas civilizadas e não como bandidos nas manifestações que venho participando, os policiais estão armados com metralhadoras, estão achando que nós somos BANDIDOS, o descaso com as nossas reinvidicações é demasiado triste, somos educadores, fizemos concurso, estamos aqui por nossa competência e não por conchavo de politico nenhum. Ganhar menos do que um salário mínimo é uma vergonha, eles dizem que tem os abonos mas na hora de descontar desconta em cima de tudo,e 13º e férias é pelo salário base, com os descontos no fim do ano temos apenas R$ 130,00 pra dar um natal pros nossos filhos enquanto num almoço em restaurante chic que esses políticos vão com dinheiro público esse é o preço da sobremesa.
Fica registrada aqui a minha indignação. Obrigada.

Anônimo disse...

Sônia, a questão é realmente desesperadors.Também sou funcionaria pública de Petrópolis, sou inspetora e nunca vi tanto descaso com a pessoa que trabalha e visa pagar suas contas, chega-se a um ponto nde um prefeito do partidos denominado dos trabalhados se recusar a atender os grevistas.Penso também em todos os prejuízos que os pais e os alunos estão tendo e terão não só´neste mais também nos próximos anos graças as matérias que irão ficar atrasadas.Infelizmente parece que nem isto é os suficiente para que nosso prefeito engula seu orgulho e procure resolver tal situação.
O pior de tudo é que os funcionários em estado probatório forma ocultamente ameaçados de demissão caso decidam aderir a greve, parece que além de tudo o prefeito ainda quer ressuscitar a ditadura se não no país que seja entaõ no Municipio.

Sonia Rabello disse...

Caríssimas,
obrigada por seus comentários. Estou torcendo para que dê tudo certo. Vou acompanhar passo a passo.
Abraço,
SR

Anônimo disse...

"Foi dito nas passeatas, pra todo mundo ouvir, que profissionais da educação ganham menos do que um salário mínimo."
Seria muito solidário se o movimento estivesse lutando pelo reajuste do salário dos profissionais de apoio da educação...
No entanto não é o que se viu nas ruas. Professores usaram o bom motivo para uma passeata, para reivindicarem salários maiores para si, que já têm o salário bem maior que o mínimo...
Muito estranho que tenha sido frisado que servidores da educação ganhem menos que o mínimo, mas nenhuma frase foi dita sobre quanto ganha o professor.
Deve ter sido essa a estratégia!
Talvez fosse muito difícil obter apoio da população desinformada sem recorrer ao marketing tendencioso. Existem muitas categorias que ganham menos que o professor petropolitano, mas não estão em greve.
Transparência já!