quinta-feira, 6 de maio de 2010

A FARTURA E A DESVALORIZAÇÃO DOS IMÓVEIS URBANOS

Esta semana, estou na Guatemala participando de mais um curso de Políticas de Solo para Países da América Latina.
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Na última terça-feira, houve a exposição do professor panamenho Álvaro Uribe sobre o que está se passando na capital daquele país em relação ao controle do uso do solo. Quem vê as fotos da Cidade do Panamá se surpreende pela enormidade dos prédios de cinquenta andares.
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Não um ou dois, mas dezenas deles, fazendo uma verdadeira barreira na parte mais interessante da cidade, o seu litoral.
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Por outro lado, o que resta do Centro Histórico da cidade continua abandonado. Foi uma densificação descontrolada da cidade, já que não havia norma, lei que estabelecesse limites.
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Os investidores imobiliários confiaram na alta dos preços dos imóveis, como se esta fosse boa para eles e para a cidade. Ledo engano (…). Acontece que, explorou-se tanto a densificação do solo, construiu-se tanto que, a quantidade de imóveis ofertados, acabou desvalorizando todo o mercado que ficou obeso!
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O pior é que aqueles imóveis (prédios de luxo) têm altos custos de manutenção e não podem ser disponibilizados para moradias da população de baixa renda, nem de renda média. Eles estão vazios e sem compradores.
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A situação da cidade também piorou. Aquele tipo de “criação de desenvolvimento” acabou gerando pesados encargos urbanos na infraestrutura, insuportaveis e não- sustentáveis.
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Por consequência, ocorre uma rápida deteriorização dos equipamentos urbanos da Cidade do Panamá (calçadas, ruas, redes de água e esgoto, entre outros).
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Esta lição não é exclusiva daquele país, nem daquela cidade. O discurso “desenvolvimentista” pode ser uma “trampa” (como dizem os “hermanos”), pois as ações propostas nao têm, necessariamente, nenhum compromisso com o bem estar social. E, muitas vezes, nem mesmo trazem riquezas, mas somente uma produção descontrolada de uma mercadoria urbana.
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As leis de ordenamento do solo sempre trazem limites necessários ao bem estar social e a redistribuição, entre todos, dos custos da urbanização e dos serviços urbanos.
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Por isso, vale a pena estar alerta a este tema que diz respeito a todos que vivem nas cidades pequenas, médias ou grandes, expostos aos falsos discursos que pretendem justificar uma escapada da lei, buscando ofuscar com o brilho fugaz de um falso ouro.
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Confira as fotos / Crédito : A. Uribe
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