quinta-feira, 27 de outubro de 2011

IASERJ: a luta pela sobrevivência hospitalar


 

Existe desmonte da assistência médica ao carioca?

Deu em todas as mídias: uma senhora de 75 morreu, na última segunda-feira, após ter percorrido cinco hospitais até ser atendida no Hospital Miguel Couto, onde não resistiu por não ter conseguido uma vaga no CTI.

A via crucis da pensionista Eda N. Aquino repete a de inúmeros pacientes que dependem da assistência pública à saúde, com a particularidade de que seu atendimento no Hospital Miguel Couto ter sido realizado sob ordem judicial...

O episódio integra a perversa e crônica precariedade com que é tratada, pelas políticas públicas governamentais,  a rede hospitalar da cidade do Rio de Janeiro.

 
Um dos exemplos mais patentes dessa situação é o do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj), hospital que sempre foi de excelência, e que luta, diuturnamente, pela sua sobrevivência, para atender à população do Rio.

Inicialmente criado, em 1932, como Sociedade Beneficente do Servidor Municipal, quando o Rio de Janeiro ainda era Distrito Federal, essa unidade hospitalar funcionava como uma policlínica.

Com o interventor federal Henrique Dodsworth (1937-45), foi transformada em Departamento de Assistência ao Servidor da Prefeitura, englobando a Médico-Cirúrgica, passando a se chamar Hospital do Servidor e Centro de Perícias Médicas.

Em 13 de maio de 1975, o governo da fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, por meio do Decreto Lei nº 99, criou o IASERJ transformando-o em uma autarquia, vinculada a Secretaria de Administração, com sede na cidade do Rio de Janeiro.

Excelência médica e descaso governamental

Durante muitos anos, o IASERJ foi um exemplo de excelência na prestação de atendimento público à saúde, mas hoje enfrenta o descaso do poder público no repasse de verbas.   

A situação de descaso com o Hospital do IASERJ teria se agravado com o projeto de cessão do terreno do Hospital ao projeto de expansão do INCA (Instituto do Câncer) pelo governo Estadual. 



Porém, este projeto foi paralisado porque o Tribunal de Contas da União (TCU) teria considerado esta cessão irregular. Além disso, um de seus prédios está penhorado e outro ainda permanece em inventário.

A agonia do IASERJ tem sido mais longa do que a da pensionista Eda N. Aquino. Durante o governo Garotinho, o IASERJ sofreu um golpe fatal quando foi proibido o desconto de 2% em folha dos servidores estaduais para a sua manutenção, mesmo facultativo.

O Instituto passou, então, a ser financiado apenas pela Secretaria de Saúde.

Atualmente, apesar de atender usuários do SUS, o Instituto, por não ser cadastrado na entidade, não recebe nenhum repasse de verbas.

Vereadora Sonia Rabello e o
Diretor do Iaserj, Nelson Ferrão
Mesmo assim, segundo seu atual diretor Nelson Ferrão, o IASERJ recebe mais de 100 novos cadastros de pacientes por dia, totalizando mais de 75 mil usuários e cerca de 10 mil atendimentos por mês.

O Instituto tem 34 mil m² construídos, mas apenas 24 mil m² estão em funcionamento, em função de um longo projeto governamental de desativação deste importante equipamento público de saúde. 

Inúmeros leitos poderiam ser ativados em seus prédios, se houvesse determinação política para tal.

Além da estrutura precária, como um prédio em construção desde a década de 80, o Iaserj ainda dá abrigo, na sua estrutura física com o proficiente Instituto de Infectologia São Sebastião, que funcionava no Cajú, e que também teve seu prédio original desativado e abandonado.

As propostas para a reformulação do Instituto

Diante disso, a atual diretoria do IASERJ pretende implementar uma proposta de reformulação que abrange o aumento de 26 para 85 leitos no pavilhão clínico e a criação de 200 leitos no pavilhão anexo, que hoje se encontra desativado.


Está também prevista a criação de 130 novos leitos: 50 de CTI, 10 de UI e 70 cirúrgicos, além de 8 salas de cirurgia e 4 leitos de recuperação pós-anestésica no pavilhão cirúrgicos.

Quantos poucos milhões seriam necessários para este hospital não morrer? Quais, afinal, as verdadeiras e imediatas prioridades para viabilizar a assistência pública à saúde?

O hospital pertence à estrutura do Estado do Rio de Janeiro.  Mas atende principalmente à população do Município. Por isso, é importante inserir o apoio municipal para a reconstrução de seus leitos e seu atendimento à população, atendimento este que sempre foi, por décadas, exemplar.

Os cidadãos do Rio merecem, para que a via crucis de D. Eda não tenha sido em vão.

Um comentário:

Sergius disse...

O poder executivo descobriu que, ao eleger a corte máxima da justiça nacional, não tem qualquer empecilho para agir desonesta e ineficazmente na administração da coisa pública. Faz e desfaz do nosso patrimônio, sem que um magistrado se levante.
O TCU, para completar, é cada vez mais voraz em receber denúncias e já causou tratamentos psiquiátricos em secretários municipais e estaduais que ousaram ser honestos e não aceitaram participar da farra dos remédios, da máfia das Campanhas de Dengue ou da bagunça de UPAs, SUS e Prontos Socorros.
Por isso, deixaram seus cargos para os corruptos, que se locupletam com a cornucópia financeira, que jorra do governo federal, mesmo que os valores já venham com o desconto da comissão exigida por quem liberou a gorda verba, irremediavelmente perdida para o fim a que deveria se destinar.
As hienas não se contentam mais em comer os restos do Leão e este não morre de fome porque nós, as zebras e gnus, crescemos desordenadamente e somos presas fáceis de ambos.
Metáfora por metáfora, para não me distanciar da região de origem dos animais que nos assolam:
"A vida dO POVO é uma "África" na Saúde, na Prevenção de Doenças, no Ensino, na Educação, Habitação, Segurança, Trabalho, Defesa do Consumidor..."
Quanto à Justiça, ora bolas, está nas mãos do poder executivo...