terça-feira, 6 de abril de 2010

CIDADE QUE CRESCE, E ... DESAPARECE!

O CAOS DAS CHUVAS, E O DESPREPARO DA LEGISLAÇÃO URBANISTICA, NA CIDADE E NO ESTADO.

Baía da Guanabara, hoje, tomada pela lama, e por barcos privados

Há doze horas chove intensamente no Rio. E a cidade submerge nas águas de abril. As chuvas vieram com atraso, depois de dias de Verão, e início de Outono, de calor intenso.


Inundações no Rio fazem parte da nossa história. Este não é o problema. A questão é que não aprendermos com ela. O discurso que se ouve é que precisamos crescer, crescer e crescer. Como fazê-lo sem o cuidado devido?

Sem precaução, este crescimento pode virar o caos, se já não o é: transportes públicos que não funcionam, pois são caros, lotados e levam horas para chegar ao destino; pessoas sem acesso à moradia, que se apinham em morros e comunidades irregulares, sem condições mínimas de salubridade, segurança, higiene, cidades grandes, sem dúvida, mas que não oferecem qualidade de vida!

Crescimento físico, construções elitizadas, ocupação intensa das cidades, sem prévio exame dos limites de sua sustentabilidade é a regra que nos é passada, diuturnamente, como sinônimo de desenvolvimento! E não é. Nossa legislação de ocupação do solo é viciada em premissas e idéias velhas, de riqueza sem bem estar. De cidades pouco sociais, pouco distributivas, pouco cidades (...).

Insiste nesta antiga questão de “desenvolvimento”. Os grandes projetos nos são passados como nossa salvação econômica. Seremos ricos, (se viermos a ser ricos), e afogados; enterrados com nossas moedas falsas, que vendem dinheiro como sinônimo de bem estar.

Quando parar de chover e as águas baixarem, será que lembraremos que temos que impedir que impermeabilizem o Parque do Flamengo com construções de Centro de convenções privados, aterrem os canais de Várzea grande e pequena, aumentem desmensuradamente o gabarito e a densidade de ocupação das áreas de aterro do Porto do Rio, levantem espigões nas áreas de preservação de baixa densidade do Centro?

Quem está votando as leis que permitem isto? Sabemos quem são os responsáveis ou não importa? Para quem não se importa, então as águas ainda vão rolar.

Para nós, reagir é preciso; e começar por uma legislação adequada a um novo padrão de qualidade de vida e bem estar, que pode não ser suficiente, mas certamente é necessária, imprescindível mesmo, nos Municípios e no Estado!

O que será que já foi votado para melhorar a ocupação do solo em Angra dos Reis, para prevenir os desastres acontecidos em de janeiro deste ano? E na Assembléia Legislativa do Estado? Quais as ideias e propostas dos legisladores municipais e estaduais?

Nada + nada = nada.

"Para alegrar nossos corações, ainda resta Copacabana nos dias de sol. Veja o diário fotográfico da carioca Til Pestana, aqui"

2 comentários:

Unknown disse...

Gratíssima! Abraço!

Sabrina Nazar disse...

É Sonia! Realmente não se aprende nada com as tragédias. Angra desmoronou no início do ano e não se ouve falar em medidas efetivas de remoção, porque simplesmente não há para onde crescer em Angra que não seja naquelas encostas. O morro do Bumba é um exemplo de como não se deve "regularizar" determinadas situações em detrimento da segurança pública e do meio ambiente e em prol do populismo político. E a essa tragédia um sutil detalhe se soma: o preço dos imóveis e aluguéis disparou após a notícia de que sediaremos a copa e as olimpíadas!