1. A catástrofe nas cidades serranas do Rio, consequência do temporal que castigou a região e provocou a morte de centenas de pessoas - 845, de acordo com os últimos levantamentos divulgados nesta quinta-feira –, marcará para sempre inúmeras famílias que perderam parentes, filhos, casas, que construíram em boa parte de suas vidas.
Mas será que inaugurará um novo ciclo de Planejamento territorial na região?
Mas será que inaugurará um novo ciclo de Planejamento territorial na região?
2. As chuvas previstas (ou não?) trouxeram à tona – mais uma vez - a necessidade de se tirar tão somente dos discursos e das promessas políticas a questão do planejamento urbano. Conforme dito por este blog e, ratificado pela realidade que repete diuturnamente a relevância das demandas, a falta de efetivação de medidas – muitas previstas em lei – acarretam os gravíssimos exemplos testemunhados por todo o país. Hoje, no Rio de Janeiro, e amanhã, onde mais será?
3. Apesar da grande quantidade de informações e imagens sobre a tragédia serrana, não podemos deixar de reproduzir na íntegra o relato surpreendente de Flávio Morgado, e seus registros fotográficos feitos na Estrada da Posse, em Teresópolis. Confira:
“Para tentar mostrar um pouco da imensa tragédia ocorrida por aqui, peguei minha bicicleta e fotografei o que encontrei na Estrada da Posse até a comunidade de Campo Grande - onde o socorro é muito difícil de chegar (vocês verão o porque).
“Para tentar mostrar um pouco da imensa tragédia ocorrida por aqui, peguei minha bicicleta e fotografei o que encontrei na Estrada da Posse até a comunidade de Campo Grande - onde o socorro é muito difícil de chegar (vocês verão o porque).
Moradores disseram que uma imensa onda, como uma tsunami, varreu o bairro. A tragédia aparece logo após a curva da Cascata do Imbuí. Neste ponto, a onda encontra o Rio Paquequer e o terreno do Golf Clube e então, seguiu outro rumo - provavelmente em direção a São José do Vale do RIo Preto (não sei se os rios se encontram em algum lugar).
Pelo que vi, todas as casas situadas a direita da estrada da Posse, após a Cascata do Imbuí (incluindo esta) foram inundadas e/ou destruídas por desabamento ou soterramento. Da estrada, de pé, a marca da água é de cerca de 2 metros de altura, cobrindo-me por vários centímetros. Há muita lama, muitos carros destruídos por todo lado, muitas casas e sítios soterrados (...).
Quando se acha que já viu de tudo, chega-se à Toca do Coelho e ao Supermercado da Posse, onde encontramos o final da tragédia - a rua simplesmente desapareceu e em seu lugar, um mar de pedras enorme impede qualquer acesso até Campo Grande.
Tive dificuldade de chegar lá. Precisei deixar a bicicleta e seguir a pé. Passei por dentro de vários sítios arrasados até encontrar a trilha. A paisagem é desoladora no caminho.
A chegada a Campo Grande é .... imponderável. Um silêncio enorme confessa o enorme sofrimento de muitos que ali viviam. A sensação é que uma avenida de uns 100 metros de largura (da largura da Presidente Vargas) foi aberta no meio das residências e preenchida com pedras enormes... milhares delas... De onde vieram tantas?
Pelo caminho, percebi que em vários trechos o chão subiu mais de 1 metro de areia, soterrando muitas residências e carros para sempre - talvez...
Os prejuízos são incalculáveis, tanto em vidas como em riqueza municipal.”
Vídeo:
Vídeo:
Agradecimentos pelo envio ao Arquiteto Alfredo Britto.
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Luto e solidariedade internacional - A solidariedade com as vítimas das chuvas estendeu-se pelo mundo afora. Em Vila Real, Portugal, a Câmara Municipal decretou luto por conta das catastrofes brasileiras.
Em reunião do Executivo Municipal no último dia 19 de janeiro, foi aprovada a proposta do Presidente da Câmara Municipal, Dr. Manuel Martins, por sugestão da Associação Nacional de Municípios Portugueses, decretando "Dia de Luto Municipal", o dia 21 de janeiro, através do "hastear da bandeira municipal a meia adriça". Reproduzimos abaixo algumas transcrições da proposta:
“Face à mais recente catástrofe que se abateu sobre o Brasil, provocando um elevado número de vítimas e avultados prejuízos materiais, em particular na Zona serrana do Rio de Janeiro, os municípios portugueses solidarizam-se com o povo brasileiro.”
"Por partilhar deste mesmo sentimento de consternação e pesar, e convicto de que este gesto simbólico interpreta, não só os sentimentos generalizados do Poder Local português e dos seus eleitos, mas, também e em particular, da Autarquia de Vila Real e dos seus cidadãos, proponho a determinação de um Dia de Luto Municipal.”
"Ao associarmos o nome do Município de Vila Real a este acto de solidariedade nacional, pretendemos expressar ao povo irmão do Brasil e, muito particularmente, às famílias das vítimas, os mais profundos sentimentos de pesar e sentida solidariedade.”
O fato apesar de ter sido divulgado pela imprensa brasileira, merece o reconhecimento e o destaque deste blog.
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