sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Saúde Pública no Rio de Janeiro: novos leitos?



Hoje, no jornal "O Globo" há a seguinte notícia:

"Pelo menos 8 mil novos leitos devem ser instalados no Rio até 2016"

Para os hospitais em crise ?
Lêdo engano; são para os novos hotéis a serem construídos no Rio para a Copa e para as Olimpíadas.  Para tanto, a mesma notícia anuncia que:
"Em relação aos benefícios fiscais, estão previstas remissão de dívidas de IPTU, isenção desse imposto durante obras, isenção de ITBI e redução de ISS à 0,5%. A nova legislação passa a valer a partir de amanhã, quando será publicada no Diário Oficial do Município."

O mesmo jornal anuncia, mais adiante, o fechamento, em 60 dias, de mais um hospital público -o IASERJ -, sem ser substituido por outro !!!! (Veja no link)

Para agravar ainda mais a situação, as Secretarias de Saúde do Rio (do Estado e do Munícipio) optam, em diversas ocasiões, pelas desculpas paliativas; quando não o silêncio retratado na falta de providências eficazes e imediatas.

A Saúde Pública é serviço público garantido pela Constituição Federal.  Um direito fundamental, aliás, mais do que fundamental.  Mas está um caos para os que precisam dela. 

"Art 196 - A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas ..."
O discurso continua futurista, mas o dinheiro continua saindo para um outro canal.  Atenção: os orçamentos públicos estão entrando em votação!  Mas, qual a nossa atenção para isto?
Por que continuamos, nas nossas leis, inclusive as urbanísticas que estão sendo votadas, a dar, gratuitamente, as vantagens, as isenções, os recursos a quem já tem o suficiente?

Conheça, abaixo dois casos muito próximos acontecidos nesta semana:

O desespero - Nas noite do último domingo, Héricles Mendes, de apenas 14 anos, foi vítima de um acidente de moto, no bairro do Fonseca, em Niterói, Região Metropolitana do Rio. Levado às pressas para o Hospital Azevedo Lima, no mesmo bairro, sequer encontrou um leito para atendimento. Isso, mesmo diante da constatação do médico de plantão de que, aparentemente, tratava-se de uma fratura grave.

Somente após 72 horas, recebendo apenas analgésicos durante todo este período, para desespero de sua mãe, a secretária Joana Mendes, o adolescente foi transferido para um quarto. Na ocasião foi feita a radiografia que ratificou o diagnóstico inicial e indicou a necessidade de uma cirurgia imediata.

Entretanto, acompanhado do laudo, veio a notícia de era preciso esperar na “fila” de 25 pacientes em situações semelhantes, ou por iniciativa dos próprios familiares, encontrar uma vaga em outro hospital. Tudo isso, torcendo para que a possibilidade de qualquer sequela se transformasse em uma realidade, diante da demora de atendimento. Na tarde de ontem, o paciente foi "transferido". Só que para uma tenda do Corpo de Bombeiros, pois o quarto estava "em obras" Infelizmente, um caso entre tantos outros que se repetem constantemente.

Dificuldades e empenho

Em um relato surpreendente, o médico pneumologista A. Milagres descreve os transtornos também enfrentados pelos profissionais de Saúde na árdua luta de tentar salvar vidas, diariamente.

“Às vezes, quando revelamos as dificuldades que enfrentamos para tocar com dignidade as nossas atividades profissionais diárias, sinto que não há um eco adequado para o que apontamos. Para o que apontam diversos profissionais de saúde e uma quantidade não inferior de ativistas da sociedade civil.

Ontem (dia 24), tentando contribuir para minorar a ansiedade de um paciente inadequadamente encaminhado para a nossa unidade hospitalar (uma vez que não dispomos de Cirurgia Torácica há anos, por falta de Unidade de Terapia Intensiva), busquei agendar para ele uma consulta na cirurgia torácica pela regulação municipal (SISREG), já que a suspeita que gerou a, volto a dizer, inadequada ida ao Curicica (Hospital Raphael de Paula Souza) fora a necessidade de uma punção/biópsia pleural.

Como o paciente (de HIV com suspeita de TB Pleural) está sendo acompanhado no Centro Municipal de Saúde da Tijuca (CMS Heitor Beltrão), estranhei a sua presença em localidade tão distante de lá, como a de Curicica. Interessei-me pelo caso e pedindo a documentação que o paciente dispunha, deparei-me com o memorando emitido no Hospital Federal do Andaraí (...)

Os técnicos que tratam da confecção TB-HIV/Aids e, sobretudo, os pacientes de TB e de HIV em nosso estado são, antes de tudo, uns fortes, não?

Peço-lhes atenção especial para as nuances do texto deste memorando anexado, que foi emitido em 17 de novembro de 2010 e, sabe-se lá como, foi parar nas mãos de um indivíduo que se encontrava num nível extraordinário de tensão _ O PACIENTE. Vocês podem imaginar isto ?”

No referido memorando,  o chefe de Serviço de Anatomia Patológica e Citopatologia informou que: " como previsto, a rotina de diagnóstico histopatológico está interrompida a partir de hoje por falta de lâminas"

Um comentário:

Dep.Bruno Correia disse...

Unidade de referência em atendimento infantil segue fechada em São João de Meriti !

http://deputadobrunocorreia.blogspot.com/2011/07/unidade-de-referencia-em-atendimento.html