quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Maracanã e a Praça Nossa Senhora da Paz: destombados de fato?

Em ambos os casos, os governos estadual  e municipal, respectivamente, evitaram, ou estão evitando o vexame do destombamento, desses bens. Porém, é possível que aprovem, no caso da Praça Nossa Senhora da Paz, sua destruição mesmo sem destombá-la, como fizeram com o Maracanã, ao aprovarem uma obra que descaracterizou totalmente o maravilhoso estádio. O que virá depois, pode não ser ruim, mas, certamente, não será o mesmo.

Os responsáveis pelas obras da Linha 4 do Metrô disseram que, para construir a estação de Ipanema, terão que destruir o que hoje é Praça N.Sa. da Paz, abatendo a quase totalidade de suas árvores para, quiçá, reconduzir as sobreviventes ao local. E mais, durante as obras, previstas para um período de cerca de quatro anos, o espaço ficará no limbo. É que para construir essa estação será necessário cavar um enorme buraco: uma obra a “céu aberto”, para depois se “reconstruir” a praça tombada!  

É mais ou menos a mesma história ocorrido com o Maracanã: embora tombado, o então superintendente do IPHAN inventou uma nova teoria, pela qual se poderia descaracterizá-lo, sem destombá-lo, evitando-se, assim, o ônus do destombamento, mas com igual consequência destrutiva.


Oficiamos o subsecretário de Patrimônio Cultural do Município sobre eventual existência de processo de destombamento da Praça, uma vez que o Estado do Rio anunciou que, para construir a estação do metrô, terá que destruí-la.  Fomos informados que não há procedimento de destombamento.

Porém, tomamos conhecimento de que, hoje, acontecerá uma sessão do  Conselho de Patrimônio do Município, que examinará o pedido de  intervenções na Praça. Solicitamos autorização para que um assessor do nosso gabinete presenciasse a sessão do Conselho, o que não nos foi permitido. Saberemos do resultado por ata, sem qualquer participação da sociedade civil, nem mesmo para assistir ao que se passa. 

Estamos apostando nas altíssimas pressões para aprovação de todas as intervenções/destruições solicitadas pelo Estado. Tudo,  provavelmente, com  o argumento de que a Praça será, posteriormente, recuperada. Na verdade, a intervenção acarretará a destruição do patrimônio ali construído. Não se fará o destombamento, para não se ter o  ônus da verdade. Mas se, de fato, autorizarem uma intervenção destrutiva na Praça, esse ato será, a rigor, equivalente ao que fizeram com o Maracanã. 

Será a desmoralização do instituto do tombamento. E logo agora que a Cidade do Rio, se candidata, junto à UNESCO, ao título mundial de paisagem cultural!  Pode?

6 comentários:

Anônimo disse...

A respeito das árvores da praça essa história de transplante é pura enrolação ... Primeiro, a operação é delicada, envolve o corte das raízes, o transporte (guindaste, caminhão, etc.). Depois, acompanhamento fitossanitário no horto, novo corte de raízes para trazê-las de volta, e replantar em um solo de pouca profundidade porque embaixo tem uma estação. Um procedimento caríssimo! E para terminar, nem temos essa tecnologia - alguém conhece algum lugar no Rio onde esse sistema foi implantado? Só conheço com palmeiras que é outro caso.
O que restar da praça será devolvido à população pavimentado e com algumas tristes palmeirinhas...

Cristina Reis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina Reis disse...
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Cristina Reis disse...

Vereadora, alguém teria que ter entrado com um processo de um pedido de Tutela Antecipada em relação às 113 árvores que é de interesse da população de um modo geral. Não posso conceber que nenhum advogado do bairro de Ipanema não tenha se prestado voluntariamente a fazer isso. Seria uma tentativa de dificultar a derrubada das árvores temporariamente e deixar que o Metrô e os entes governamentais se virassem para arrumarem um jeito de colocar a Estação em outro lugar. E enquanto isso, o tempo escoa, e depois não haverá mais medidas que possam sepultar um crime ambiental sendo feito diante dos nossos olhos.

Sonia Rabello disse...

Temos certeza que outra solução existe, diferente de destruir a Praça. Vamos lutar por ela.

Sonia Rabello disse...

Temos certeza que outra solução existe, diferente de destruir a Praça. Vamos lutar por ela.