quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ilha do Fundão: o campus da UFRJ é um condomínio?

 Ponte do Saber
No último final de semana, o campus universitário do Fundão foi, mais uma vez, objeto de polêmica urbanística. 

Desta vez, em função da ordem de fechamento, pela prefeitura do campus, da  recém-inaugurada Ponte do Saber.

Afinal, quem manda na ponte, e quem manda no campus?  A prefeitura do Rio, ou a prefeitura do campus?


A entrada no campus é livre, por fazer parte da cidade do Rio, ou o campus da UFRJ é, sob o ponto de vista urbanístico, uma espécie de condomínio fechado?

Esta não é uma questão elementar, e traz em si imprecisões urbanísticas graves, não obstante envolver uma instituição de ensino - a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Aparentemente, o campus da Universidade, por ter portões que se fecham, e ser uma área administrada por uma prefeitura própria, pode ser uma espécie de condomínio fechado universitário. 

Ou seja, suas ruas internas, aparentemente, não se constituiriam em logradouros públicos reconhecidos, e suas áreas construídas não integram o planejamento urbano da cidade: toda a área é uma gleba só, sem índices construtivos oficiais, e sem parcelamento em lotes pré-determinados.

Uma espécie de lotão, administrado por um único proprietário (público, é verdade): a UFRJ.

Este é o problema que agora se enfrenta. A Ponte do Saber, paga pela Petrobras, dizem, não estaria a integrar uma área pública urbana, mas o acesso a uma área pública exclusiva?

Detalhe: Ilha de Bom Jesus
E mais, como ficaria, agora, o acesso à Ilha de Bom Jesus, digo, às áreas públicas que estão sendo doadas às multinacionais, GE e L´Óreal, que ficam do outro lado do campus, se estas estão encravadas dentro do condomínio de uso exclusivo da UFRJ?

As questões urbanísticas da Ilha do Fundão se agravam.  Aliás, como o planejamento urbano da cidade, que, picotado, vai se esvaindo como pó. E, com ele, a futura qualidade de vida dos cidadãos.

4 comentários:

Machado disse...

É gritante a posição despótica do Prefeito da Cidade Universitária.
Moro na Ilha do Bom Jesus e quando preciso entrar pela linha vermelha, portão 3, após as 18hs, está fechado, me obrigando a fazer um percurso adicional de 10km para chegar na minha casa.
Os portões são fechados, ao que tudo indica, para que o pessoal que trabalha na Petrobrás tenha uma saída tranquila...e os moradores que se mudem...

Anônimo disse...

Dra. Sonia,
Este reitor pensa que é o dono da ilha do Fundão. Não pode fechar o portão e levar as chaves para casa. A Sra. já foi vítima desta arbitrariedade antes. Onde já se viu! E o usuário da via pública, faz o que? Isto é inaceitável. Todo mundo faz o que bem entende neste país de ninguém. As desculpas esfarrapadas para manter os portões fechados são absurdas. Esta criatura está extrapolando suas competências. O dono da rua é o cidadão que paga imposto, e caro, para ter automóvel nesta cidade. Só neste país que uma coisa destas pode acontecer. A rua é pública e TODOS têm o direito de ir e vir neste país. Ainda somos uma democracia, ainda... A prefeitura deve mandar remover os portões e jogá-los fora em algum ferro velho.

Sonia Rabello disse...

Obrigada pelos comentários, que esclarecem o quão pouco está esclarecida a situação da Ilha do Fundão, e a posição da UFRJ

Victor Carvalho Pinto disse...

Esse mesmo problema urbanístico ocorre em vários outros campus universitários, como a Cidade Universitária da USP, em conjuntos habitacionais estaduais e em centros administrativos, como os de Belo Horizonte e de Salvador. Funcional como grandes condomínios horizontais. No caso da USP, a PM precisou de um convênio com a reitoria para exercer sua função constitucional.