terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Perimetral do Rio e Paris

Rio e Paris: algo em comum em matéria de transportes urbanos? Nada em comum.  E por quê?

Porque não temos Plano. E, sem plano, não há sistema de transporte.  Tudo é improvisação, contratação de outras novas empreiteiras, hoje, com o codinome de "parceria público-privada".

Pela nova lei de mobilidade urbana (lei 12.587/20120) , o sistema é o "conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestrutura que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município" (art.2º).

Pelo caos de ontem (foto) no elevado da Perimetral, no Rio, e que antevimos com a publicação de nosso post, será que o atual governo da cidade sabe disto?

A título de inspiração, vamos a uma reportagem sobre como funciona a mobilidade urbana na planejada e organizada Paris.  Afinal, devemos aprender com que é bom. 

Nossos governantes, que viajam tanto para lá, parece que pouco aprendem...

Rede de Transportes de Paris


http://www.ratp.fr/plan-interactif/

O sistema de mobilidade urbana de Paris é constituído por uma vasta rede de transportes interligados, composto por metrô, trólebus, trens regionais (RER) e ônibus, além de outros sistemas alternativos como o velib, sistema de aluguel de bicicletas e o autolib, sistema de aluguel de carros elétricos.



Só a rede de metrô é composta por 14 linhas diferentes que se interconectam em diversos pontos da cidade, permitindo inúmeras opções.



Os trens regionais, conhecidos como RER também formam uma rede composta por cinco linhas principais que cruzam Paris, ligando cidades da região metropolitana de ponta a ponta.

Quando ocorre algum problema em uma estação, logo o sistema de comunicação alerta os passageiros e coloca a equipe à disposição para orientações sobre as possibilidades de interconexões, que são facilitadas devido à diversidade de linhas.

Os impactos à mobilidade urbana são minimizados, passando quase despercebidos. Como o bilhete é integrado, torna-se possível utilizar um ônibus ou outra linha de metrô, caso esteja dentro do tempo determinado de 75 minutos.

Merecem nossa atenção certos serviços de comunicação oferecidos, tanto nas estações de metrô como nos pontos de ônibus: a indicação do tempo de chegada do próximo trem ou ônibus e a sua destinação cujo intervalo, dependendo da linha, varia de 2 minutos a 12 minutos de um trem para outro.

Em linhas e horários de maior fluxo os intervalos são reduzidos, de modo a transportar um maior número de pessoas em um menor espaço de tempo.



Outro recurso de grande valia é a existência, no interior dos vagões, de indicadores luminosos sinalizando em qual estação o trem irá parar e, quais estações já foram percorridas. Esta é uma ajuda preciosa aos viajantes mais distraídos ou não familiarizados com o sistema, como os turistas, por exemplo.



Diante dos constantes descasos com o transporte público carioca, o sistema de transporte de Paris certamente pode ser muito útil como inspiração, para que o Rio de Janeiro caminhe para a melhoria de sua mobilidade urbana.

Um comentário:

Sergius disse...

Doutora Sônia Rabello,
É claro que tanto o governo municipal quanto o estadual sabem muito bem o que acontece com o trânsito do Rio de Janeiro.
Infelizmente o que falta é interesse e diretriz para soluções, enquanto sobram negociatas e corrupção.
O desabamento dos edifícios no centro da cidade foi mais uma tragédia anunciada, pela ausência de fiscalização dos órgãos competentes e ganância daqueles que tomaram o governo como exemplo e fazem por menos para lucrar mais, mesmo que as leis municipais e da própria física sejam desobedecidas.
Desnorteados pelo caos que nos atinge diretamente ou que nos chega pela mídia, não conseguimos enxergar além dos efeitos, enquanto as reais causas estão devidamente encobertas por quem deveria assegurar nosso bem estar e evolução.
As leis foram criadas para balizar direitos e deveres. Direitos que devem ser assegurados pelos governantes e deveres que devem ser cobrados pelos mesmos governantes, levando-se em conta o grau de consciência, responsabilidade e recursos sócio-educativos conferidos pelo tal governo a esse povo.
Se não há nem uma coisa nem outra, resta apenas o “salve-se quem puder”, se, por sorte, não se estiver soterrado por escombros de prédios ou de caríssimas perimetrais destruídas sob pretexto de olimpíadas ou copas, com as quais não deveríamos nem podemos arcar.
É duríssimo morar a duas horas e meia de congestionamentos e obstáculos proporcionados por obras superfaturadas, apenas para se chegar ao trabalho, sabendo-se que o salário será curto para sustentar a família e ainda tantos impostos que, por fim, serão desperdiçados ou ladinamente desviados pela indecência de nossos governantes.