terça-feira, 1 de março de 2011

Cais da Imperatriz: precioso legado cultural aflora no Porto do Rio

Belo presente no dia do aniversário da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro!

As obras na Zona Portuária do Rio já deixam para a população fluminense um legado cultural único encontrado na Avenida Barão de Tefé, onde começou a construção de uma super galeria de drenagem. No local "surgiu" de dentro da terra testemunhos surpreendentes da história da Cidade, da história do Brasil: o chamado “Cais da Imperatriz”.


As obras que estão sendo executadas foram previstas como parte do plano do novo Porto, e com o objetivo de tentar erradicar os constantes alagamentos na via, pois toda a área foi formada a custa de um enorme aterro da Baía da Guanabara, prática usual até bem poucos anos atrás. O precioso achado histórico arqueológico mostra bem o quanto foi enterrado neste processo de “fazer terras”.

Mas parece que, a exemplo de Roma e Lima, a arqueologia histórica da Cidade mostra sua força. Nossa história ressurge das entranhas da terra. Nossa identidade se abre à luz do sol.

O “Cais da Imperatriz” tem este nome porque, em 1843, o local foi escolhido para o desembarque da então futura imperatriz Teresa Cristina no Rio de Janeiro. Essa decisão implicou no alargamento e na compra de algumas propriedades, no embelezamento e no melhoramento da região, projeto do famoso paisagista Grandjean de Montigny.

Este era um cais de triste história, chamado de Cais do Valongo, pois  ali foi a porta de entrada do tráfico de escravos. Neste mercado, segundo a norte-americana Mary C. Karasch (“A vida dos escravos no Rio de Janeiro – 1808-1850), teriam passado mais de um milhão de africanos no primeiro metade do século XIX. Triste lembrança, mas real!

Agora, em pleno processo de revitalização, passado e presente parecem confrontar-se. Ao mesmo tempo em que as obras trazem consigo um ar de renovação e mudanças, as imensas escavadeiras revelam a cidade oculta, que parecia adormecida sob o concreto que ali estava.


Há dois meses, arqueólogos do Museu Nacional acompanham as obras e trabalham no processo de identificação, buscando evidenciar o Cais do Valongo nesta área. Porém, ao pedirmos maiores detalhes sobre o assunto, indicaram o setor de Comunicação Social do Gabinete do Prefeito para maiores informações.




Qual o futuro da obra, já que a conservação do Cais se impõe? Existe aí um enorme problema, já que a obra iniciou-se, aparentemente, sem que tenha sido feito antes a prospecção arqueológica.

Numa cidade como o Rio, ela é inevitável. Aliás, a legislação federal, determina que no relatório de Impacto Ambiental se avalie o patrimônio cultural antes do início de qualquer obra. No caso, as obras da galeria “toparam” com o patrimônio cultural mais importante do que qualquer museu pretendido na região (e são dois: o do Calatrava, e o do Amanhã).

        A enorme galeria já encosta dos dois lados do cais (Fotos: Roberto Anderson)
                                 
Ainda bem que todos os órgãos culturais do País estarão alertas e de plantão para garantir a preservação deste importante legado cultural do país: o Ministério da Cultura/IPHAN, o INEPAC, a Prefeitura – pela subsecretaria do Patrimônio Cultural. Este é o dever. E a história do Brasil agradece. Nós acompanharemos.
Confira mais registros dos trabalhos no vídeo abaixo:

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