segunda-feira, 11 de julho de 2011

O TEMPO E O VENTO: denúncias e o modelo institucional brasileiro


O que fazer?  Marina Silva, que parece intuir o tempo, e repetir que "nada mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou", propõe uma "nova forma de fazer política", no recém inaugurado Movimento da Cidadania.

Notícias sobre a corrupção na prática governamental chegam a novo clímax. De repente publica-se o que todos já sabíamos? Tudo articulado nos corredores, e a população assiste a tudo perplexa, revoltada, mas sem saber o que fazer.

Os órgãos de controle Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público Federal (MPF), sobretudo, denunciam. Mas por que as denúncias não vão para frente?

Conta-se com o TEMPO, que transformará tudo em VENTO. Daqui a uma semana, novas manchetes, novos fatos, e tudo se apagará da memória. Conta-se com isto para que a impunidade continue a grassar, e tudo continue como dantes.

Na fundação do Movimento de Cidadania, por Marina Silva na quinta-feira, 7 de julho de 2011 em São Paulo, esta cidadã brasileira que traz a esperança de uma nova forma de se fazer política, propõe “sensibilizar os brasileiros, ainda meros espectadores, para transformarem-se em força mobilizadora, para que este Brasil, o Brasil que está de `fora´ desta política hoje praticada, e disseminada, reaja”. Este é o único caminho para transformação, do mundo, através de si   mesmo....

Para isto é necessário conhecer os fatos, saber como se relacionam com o sistema institucional que os mantém... Saber responder:

1. Por que o prefeito de Teresópolis, denunciado por desviar recursos públicos de calamidade pública ainda continua no exercício das funções de prefeito. Por que não foi afastado? Por que não se pede a intervenção estadual no Município, cujos habitantes continuam sem hospitais, sem auxílio, sem governo?

2. Por que os denunciados por corrupção de obras superfaturadas não são presos?

3. Por que não há concurso para os cargos de Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas da União e dos Estados?

4. Por que existe dificuldade processual de se apurar faltas administrativas resultantes de improbidade administrativa?

É o sistema institucional que não está preparado para processar e punir o que a sociedade deseja. Portanto, há mudanças que se impõem. Mas não é necessário somente saber o que não se quer, mas também é preciso saber o que se quer, e como fazê-lo. E para fazê-lo é necessário organização, e engajamento político, ainda que seja suprapartidário.

É pensando em colaborar com este processo de renovação política, nesta “nova forma de fazer política”, que este blog noticia os fatos, faz os seus comentários, e insiste em pontos que entende fundamentais para que o modelo institucional brasileiro sirva aos brasileiros, e não aos políticos que dele se servem.

Fatos, comentários quanto ao modelo e funcionamento institucional e jurídico do serviço público, e da política legislativa serão, daqui por diante, nossa linha de informação e divulgação.

3 comentários:

Sergius disse...

Doutora Sonia Rabello,
O brasileiro mais esclarecido, que luta por um país digno e equânime e que não aceita fazer parte da máfia política que denigre o Brasil precisa mesmo encontrar eco em suas reivindicações.
Acompanho fervorosa e esperançosamente seu blog, torcendo para que sua capacidade intelectual e até sua especialidade em Direito Público nos ajude a pensar um Brasil por prazo mais longo, de forma estratégica.
De igual quilate moral, Marina Silva desponta como esperança para todos aqueles que não se interessam em fazer parte da distribuição de benesses corruptas, que nos envergonham desde o descobrimento.
Agradecemos pela existência das duas magníficas personalidades e esperamos ardentemente fatos concretos, ao invés das falácias constantes, produzidas pelo antimarketing político, que somente interessa ao acúmulo de dinheiro, por parte daqueles que o usam para comprar mentes e corpos, em detrimento de toda uma nação.
Estamos vivendo um imenso holocausto de gerações e que terá desdobramento centenário, até que possamos nos reabilitar das dívidas astronômicas assumidas e que de nada adiantaram, a não ser por meros subornos recebidos por partidos imorais. Igualmente aterroriza-nos o absurdo deficit de ensino, deliberadamente imposto, com o torpe interesse de escravizar o povo pela ignorância.
No entanto, nem mil Sonias e Marinas conseguirão fazer frente ao exército de corrompidos, que defendem com a morte de seus oponentes, o status de balbúrdia e criminalidade instaurado no país.
Há que se mudar radicalmente a estrutura dos três poderes.
É mister e ponto de honra, para aquele que será glorificado como salvador da pátria brasileira, apresentar projeto nacional que impeça a invasão do legislativo no executivo (onde está a fonte de dinheiro público), além de tirar desse, o poder de eleger a mais alta cúpula do judiciário, sob pena de continuarmos sob a égide de políticos inescrupulosos, hoje os grandes tiranos e senhores da nação brasileira.
Todos nós sabemos que a Constituição Cidadã (somente no nome) foi um engodo político, gerador de grandes desmandos, diante da compreensiva confusão gerada pela mistura entre leis parlamentaristas e presidencialistas, propiciando ao poder legislativo o domínio geral do país.
Dominados por políticos endinheirados e sem respaldo do judiciário, somos reféns, úteis somente no dia das eleições, momento único de cidadania em que deveríamos mudar rumos, mas apenas confirmamos mais um mandato de corrupções, indignidades, desrespeitos.
Impotentes e descrentes da própria vida assistimos à derrama de nossa honra, como se nas urnas tivéssemos assinado a sentença de nosso declínio.
Mal sabem os políticos que o povo enriquecido poderia dar-lhes mais do que as mirradas comissões que recebem para trair e vender nosso país por quaisquer 30 dinheiros.

Sonia Rabello disse...

Sergius,
obrigada pelo seu constante acompanhamento e contribuição para este blog. A desesperança parece geral, mas só resta uma única alternativa: lutar até o fim, seja lá qual for. Aliás, será que há fim, ou processos?

Sergius disse...

Doutora Sonia Rabello,
A julgar pela insistência de emails que recebo, com declarada indignação geral, temo que nos faltem apenas Dantons, Robespierres e Russeaus. Espero que não cheguemos a precisar do auxílio do Monsieur Guillotin...