sexta-feira, 22 de julho de 2011

CIDADE NOVA: sua população será expulsa?


A Cidade Nova, bairro do Centro do Rio de Janeiro que abriga um dos mais resistentes grupos de cidadãos cariocas, tem uma localização estratégica, pois está a meio caminho da Tijuca e do Centro, sendo servido por duas estações de metrô (Praça Onze e Estácio). Além disso, está próximo a algumas das principais vias da cidade (Presidente Vargas, Perimetral, Rebouças, Santa Bárbara).  Foi uma área que restou, após a construção da Avenida Presidente Vargas.

Nosso gabinete recebeu, no dia 12 de julho, moradores e dirigentes da Associação de Moradores da Cidade Nova para tratar dos problemas da região. Isto porque, subitamente, com a implosão da antiga fábrica da cerveja da região, a área voltou a ser do interesse imobiliário/comercial, já que prédios novos e "inteligentes" estão sendo programados para o local.

Segue relato dos moradores sobre os problemas que têm vivido:

“Com a instalação de UPPs no Morro do São Carlos e o anúncio de novos investimentos públicos e privados, o interesse pelos terrenos na região se revigorou. Isso tem gerado insegurança nos moradores, pois estão se sentindo cercados pelos oportunistas que têm aparecido e invadido os imóveis em busca de indenização ou alguma outra vantagem oferecida pela Prefeitura, que deseja reurbanizar a área.

Com isso, surgiu uma verdadeiro mercado negro, pois os imóveis da região, em geral, estão abandonados pelos antigos donos. É uma área há muito esquecida pelo poder público, e que agora está se valorizando (diga-se, inflacionando), aumentando o preço dos terrenos e, com isso, o aluguel devido pelos moradores, dentre eles, alguns lá residem há mais de 30, 40 anos.”

Alguns moradores não podem nem deixar sua residência, sob ameaça de nova invasão de oportunistas.  Outros recebem "ordem" de despejo por parte do poder público, com eventual oferta de moradia, bem longe, na zona oeste.

Enquanto isto, o conjunto tombado da Rua Salvador de Sá está caindo aos pedaços, embora já tenha sido alvo de inúmeros projetos e intenções de restauração para moradia da população local. Tudo promessas e reportagens em jornais na base do "vou fazer", e "inauguramos o projeto".(confira).

Na área ainda há o prometido conjunto habitacional a ser construído (?) na região do antigo presídio da Frei Caneca, de propriedade do Estado (confira).  O Estado do Rio havia desistido deste projeto social e, pelo que dizem, voltou atrás.  Bom!  Mas onde está a ação efetiva?

Enquanto isto, gasta-se R$ 1 bilhão na re-reforma do Maracanã, destruído para ser reconstruído segundo a ordem do modelo-FIFA e, do outro lado da avenida (no Projeto do Porto do Rio, dito Maravilha), contrata-se a restauração de galpões ferroviários a serem ocupados por organizações sociais (privadas), ainda não definidas, e ao custo inicial de cerca de R$ 8 milhões !

Isto é planejamento urbano público social??? Como deter tamanho descaminho de dinheiro, e desconsideração com o problema habitacional da população carioca?

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