quinta-feira, 21 de julho de 2011

INHAÚMA: querendo voltar a ser um bairro, planejado!


Em minha visita ontem, dia 20 de julho, a Inhaúma, na Zona Norte do Rio, a convite dos moradores Simone e Paulo, tive a mais plena convicção da importância do planejamento urbano público na qualidade de vida da cidade.

Planejamento público é a concepção, ensinada nas escolas de Urbanismo e de Direito Urbanístico. Mas como função pública, como serviço público, o planejamento urbano, que se diferencia do direito de construir - que é uma faculdade privada do dono, ou do possuidor de uma parte do solo urbano -, ainda não está implantado na prática da Cidade do Rio.

O Rio pode ter aprovado um Plano Diretor, mas visitando Inhaúma vimos que o mesmo em nada afeta, positivamente, este ou qualquer bairro da cidade, senão para fixar gabaritos construtivos privados, e o zoneamento de uso urbano.

A impressão que tive, ao adentrar mais por aquele bairro esquecido em sua conservação urbana, é a de que a única função pública pensada há muitos anos para aquela região foi a de transporte coletivo.

Mas, ainda esta, foi pensada isoladamente, com o metrô rasgando o bairro ao meio, isolando a travessia com seus muros e áreas circundantes abandonadas; e a Linha Amarela atravessando o bairro em sua diagonal.

Muitas vias, muitos carros sem ter aonde pôr. São despejados nas calçadas do bairro... Será que as Trans farão o mesmos com os outros bairros pelos quais passarão ?

Por outro lado, com muitas indústrias que já saíram do bairro, e outras que ainda resistem (a Aladim e a Plus Vita), inúmeras áreas são deixadas vazias e são subaproveitadas. Por que então não ocupá-las com habitação acessível à classe média, que é a tradição da Zona Norte carioca?

Existe muita área abandonada, e outras que podem ser adensadas. Cabe ao planejamento urbano público tomar esta iniciativa. O planejamento urbano no Rio é tímido e descontínuo. O que ele propõe são situações e soluções pontuais, que nada resolvem.

E, o mais grave, é que ele é compreendido somente como estabelecimento de gabaritos mais altos para “estimular” o desenvolvimento do bairro. Inclusive, fala-se, oficialmente, que a medida do “desenvolvimento” de um bairro é o número de licenças novas de edificação concedidas, como se estivéssemos ainda no período colonial!


A inversão desta lógica de apropriação privada do plano urbano, que deve ser público, parece ser ainda o nó da questão: ou seja, se é que a cidade precisa crescer, o que deve ser respondido pelo planejamento urbana público é como ela deve crescer...

2 comentários:

Luciana M disse...

Prezada Veradora

Antes de mais nada,gostaria de lhe agradecer pela visita ao nosso querido Bairro de Inhaúma.
Eu sou vizinha da Simone e do Paulo ( seus guias pelo Bairro ) e já perdi a conta de quantas vezes já liguei para a Prefeitura solicitando serviçõs e nada foi feito ou foi feito de qualquer jeito!
Não dá mais!
Pagamos impostos como qualquer cidadão brasileiro e não temos serviços de qualidade e quando temos,como no caso da internet,esta acaba sendo mais onerosa.
Precisamos evoluir,sem esquecer que somos um bairro que guarda uma parte da história do País.Por falta destes cuidados a que me refiro é que perdemos um importantíssimo casarão histórico que era situado na Rua Engenho da Rainha,hoje abrigo de várias famílias de posseiros.Se a idéia não era preservar,que pelo menos fosse construído algum museu com a história da Zona Norte,mas não que abrigasse uma favela.Me perdoe,mas não aceito o termo "comunidade" pois pessoas que vivem em comunidade são civilizadas e não depredam patrimônio histórico e até mesmo público!
Os nossos jovens estão deixando de ir para a escola e se agrupando em praças para depredar seus brinquedos;bancos e lixeiras,quando não,me desculpe,fazendo das praças motéis a céu aberto.E o que fazer? Não se pode fazer ou falar nada que no dia seguinte ou a casa amanhece pixada ou danificada.
Precisamos de sua ajuda para restaurar tudo,mas também,para reunir todos os moradores e realizar cursos de educação ambiental e conservação,pois se não fizermos isso já,correremos o sério risco de nos transformarmos em uma outra favela.
É preciso educar para transformar!
Eu;Simone;Paulo;alguns vizinhos e crianças,perdemos a paciência e limpamos a praça em frente a nossa casa e além de enchermos mais de 15 sacos de 2l de lixo e entulho,ainda retiramos uma seringa descartável.Um sistema de vigilância poderia inibir ações de destruição!Enfim,na onda da sustentabilidade,poderíamos reaproveitar o que temos e economizar.

Obrigada mais uma vez e espero que a senhora possa mesmo cuidar da preservação do nosso Bairro!


Um fraternal abraço,

SNINABI

Sonia Rabello disse...

Luciana, coragem e perseverança nesta luta! Não vamos desistir dela.