quinta-feira, 5 de julho de 2012

Banco Central e Prefeitura do Rio: desrespeito a projeto de preservação

Há apenas quatro dias, após a Cidade do Rio ter recebido o título de Paisagem Cultural da Humanidade, o prefeito sanciona lei municipal que, a pedido do Banco Central, desrespeita a regra geral de preservação para a região portuária do Rio, criada na década de 80!

Hoje, foi publicada, no Diário Oficial do Município, por sanção do prefeito Eduardo Paes, a lei complementar 123/2012, que concede ao BC mais quatro andares para a construção do seu novo prédio na Área Especial Interesse Urbanístico da Região do Porto do Rio de Janeiro,  considerada de interesse para a "Proteção do Ambiente Cultural dos Bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo - APAC DE SAGAS". 

Tesouros arqueológicos têm sido
encontrados nas obras da região do Porto
E mais, em um terreno com ruínas arqueológicas importantíssimas que, ao que parece, não foram devidamente tratadas e preservadas! 

Um pouquinho (de desrespeito à regra geral) não faz mal ?




Faz sim.  Nossa posição é o respeito absoluto, por todos, ao que a Constituição Federal diz, no seu art.5º, inc. I: "homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações"...  .

Traduzindo: a lei não pode criar direitos especiais para uns, que não sejam iguais aos direitos de todos.  É o princípio máximo de igualdade de tratamento pela lei: o princípio básico da isonomia.

A prefeitura quis fazer um agrado à atual diretoria do Banco Central, às custas do princípio da isonomia, dizendo que era para construção da nova sede do BC.  Mas, o Banco Central funciona, e muito bem, na sua tradicional, e ótima sede na Presidente Vargas.

Terreno do futuro prédio do Banco Central

E os funcionários do BC no Rio são totalmente contrários a gastar mais R$ 40 milhões, aditando um contrato já de R$ 80 milhões (Engefort Engenharia), para mudar o que está funcionando perfeitamente bem.

Agora, com a lei sancionada, virá o aditamento contratual ?

Resta a palavra do IPHAN, responsável final pela Paisagem Cultural da Humanidade.  E, por que não, do povo carioca, inconformado com a regra do jeitinho, a regra do "um pouquinho (de desrespeito) não faz mal"...

2 comentários:

Anônimo disse...

Vereadora, mais uma absurdo. Para variar a lei deve ser seguida somente pelos que não tem amigos poderosos. Precisamos de lei neste país? Os jornais estão cheios de exemplos de autoridades que abrem exceção para quem detem o poder da carteira de dinheiro e do talão de cheques. Uma vergonha

Anônimo disse...

Vereadora, legislar por excessoes, de forma casuística, com certeza fere os direitos de todos nos cidadãos! Mas uma ressalva deve ser feita nesse caso - a área do Porto não esta incluída na Paisagem Cultural reconhecida da Cidade.