segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Escravidão e luta política

1.  Ontem vi o DVD Jornada pela Liberdade. Muito bom.  Conta a história do parlamentar inglês, Willian Wilberforce, que no final do século XVIII, início do XIX, lutou pelo fim do comércio negreiro. Conseguiu impedi-lo, depois de décadas de hostilidades de seus colegas parlamentares, através de um artifício jurídico colocado em votação quase que “imperceptivelmente”.  E este só aconteceu pelo interesse inglês de acabar com o comércio francês nos mares, feito através da bandeira “neutra” americana.

2.  O que às vezes me parece espantoso pensar é que há mais ou menos um século (somente isto) ainda existia o regime da escravidão no mundo, e no Brasil, que teve sua libertação formal em 1888.  Há pouco menos de 200 anos, havia navios negreiros! E esta barbaridade total era vista com naturalidade pelas pessoas!  Muitos tinham o receio de se manifestar contra, mesmo quando não havia concordância.

3.  Quando penso nisto, penso também: há esperança. Mal ou bem, a humanidade conseguiu, no último século, universalizar o pensamento de que a escravidão humana era uma aberração, embora cultivada nos últimos 2000 anos.

4.  Ainda estão de pé, na África, na ilha de Goré no Senegal, as marcas físicas da escravidão. Goré foi um dos portos de deportação. E, as mesmas marcas, talvez a ferro e fogo, continuem na alma dos descendentes negros. Só a generosidade pôde salvar a humanidade de uma vingança, de uma revolta sangrenta. E esta história de superação, ao menos formal, da escravidão nos diz que é preciso perseverança para construir outras políticas públicas e sociais.

5.  Um dos desafios, atualmente, é superar o modelo individualista das políticas territoriais em prol do coletivo: do ambiental, da qualidade urbanística. Talvez, por ser menos ostensivamente agressiva do que a escravidão, a luta pela não destruição do coletivo será mais lenta, mas não menos aguerrida.  Contra ela, a falácia do falso crescimento econômico, e do falso desenvolvimento, que continua a vender a falsa idéia de que a economia salvará as pessoas da pobreza e da miséria.  É falso também.
Este, se não me engano, era o discurso dos ricos comerciantes de negros, e dos donos de escravos, que ameaçavam com a falência mundial, os intentos abolicionistas.

6.  Acabou-se com a escravidão, e o mundo não faliu. Ao contrário, ficou melhor e mais limpo. Sobretudo na alma!

Segundo denúncia do INPE, 70% do território brasileiro pode estar em risco crítico, sob ameaça de fogo.  São as queimadas que devastam o Brasil, as riquezas do Brasil e do mundo.
Em Roraima, o fogo não controlado devastou 40% do território daquele Estado, há 10 anos atrás!
Veja entrevista de André Trigueiro sobre o assunto no link

Veja abaixo fotos de Goré, salva. E confira ainda mais fotos da ilha em nosso site - na Galeria de Fotos.


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